quarta-feira, 28 de abril de 2010


Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.

Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo,
morto o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.

Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sincero, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer.

Esse amanhecer
mais noite que a noite.

Carlos Drummond de Andrade

4 comentários:

Deni Maciel disse...

microscopista = criador d microscópios ?

gosto de textos sem titulos
faz com que tenhamos mais atenção e interppretação em determinadas frases..


uma guerra poética ?...


lutar com amor é bm melhor.
mas bm mais difcil
porem pessoas acham q é dificl e impossível.

=/


enfim

ótima quartaa...
e faço das do zé as minhas palavras..

melhore sua vida...
tome activia com johnnye walker...e saia cagando e andando..
*-*

e no rio grande do sul sexta estréia o filme..
o homem QUE LEVOU ferro 2....aieeeeee***

Fuii...

Rebeca Amaral disse...

Drummond, sempre fantástico.

M. disse...

Carlos Drummond de Andrade sempre arrasa em seus poemas, textos, etc. Boa escolha de poema Jah. rs Bzos

Paulo Tamburro disse...

JAMILE,

PASSEI POR AQUI PARA DIZER-LHE QUE ESCREVO CRÔNICAS DE HUMOR.

Meus blogs são de humor se quiser visitá-lo ficaria honrado.

São eles:HUMOR EM TEXTO;

FOTOFALADA e

COMO ERA FÁCIL FAZER SEXO.

Um abração carioca.