Ela não acreditava em blábláblás românticos e parecia ser um tanto dura, por sinal... Alguns duvidavam de que aquela garota era, realmente, uma garota. Não porque era ruim, mas por não possuir as frescuras típicas do sexo feminino e ser séria demais, madura demais, o contrário de suas colegas de aula.
Costumava usar roupas neutras. Camisetas e moletons eram suas peças favoritas, usava onde quer que fosse, não que frequentasse muitos lugares, já que a galera não costumava vê-la nos locais frequentados pela turma.
Não tinha amigos, ou melhor, não tinha muitos amigos. Quando era vista com alguém, era sempre com a mesma pessoa: uma garota um pouco diferente dela, mas que também não fazia o tipo popular, sabia-se apenas que a mãe de sua amiga possuía um lar de idosos, daqueles onde os velhinhos vivem bem e felizes.
As duas despertavam o interesse de outros jovens, seja por curiosidade ou por maldade. Por mais que tentassem passar despercebidas, não conseguiam, o jeito recatado despertava os olhares alheios. Elas percebiam o interesse dos outros e não gostavam disso, mas não faziam questão de explicar o porquê que eram assim, na verdade nem elas sabiam.
Chegada a semana cultural da escola onde estudavam. Este evento era realizado todos os anos, para que os alunos junto com professores, mostrassem seus talentos e para sair um pouco daquele negócio matéria, prova e trabalho que se torna, ao longo do ano, um tanto cansativo.
Os estudantes se reuniram em massa no pavilhão principal a espera da apresentação daquela manhã, sabia-se que as duas meninas apresentariam um teatro, e por isso todos esperavam. Alguns estavam com ar de deboche, outros com certa ansiedade, também tinham aqueles que estavam prontos para o desastre, pois pensavam que aquilo seria ridículo, "magina, gurias bicho do mato se expondo daquela maneira.
Passado alguns minutos a peça começou. Apenas as duas no palco hipnotizaram a plateia. Atuavam com tal desenvoltura que encataria qualquer pessoa, desde admiradores até entendidos da arte de interpretar. Não que fossem como profissionais, mas mostravam ali, naquele pequeno palco, uma paixão que emocionou a todos.
Após quarenta minutos de espetáculo, a galera que até então estava absorvida por aquele ar mágico, saiu do transe rompendo em aplausos e gritos que fizeram aparecer nos rostos daquelas meninas, sorrisos iluminados que nunca ninguém vira antes, pelo menos não nos intervalos do colégio.
Eram artistas e como tais, diferentes. A partir daquele dia algumas coisas mudaram, alguns passaram a respeitá-las, mas foram poucos...
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