quarta-feira, 10 de junho de 2009

Eficácia Simbólica

I - De pensar: existo
Tornei-me disperso, crendo em lembranças. Pregou-me à cruz. Terminando e recomeçando, infinitamente. É artista, a memória: com um pincel fino retoca o real com primazia. Queima os olhos a tinta óleo, ou seriam os próprios olhos óleos de tinta? Alguém me disse que o mundo só existe do corpo para dentro, mas que mundo seria este, se dentro do corpo tudo se desfigura? O real pensado é um quadro de um pintor infatigável, eternamente inacabado.

II - De existir: oculto
Olhava fixamente, apostando como um, os milhares que teria sido entre os toques das asas de uma borboleta. Atravessavam-me os segundos para apenas pensá-los e vivê-los segundos depois, enquanto outros segundos me atravessavam. E nesse ínterim, era possível viver? E quanto à morte: é possível? Creio que somos ampulhetas, que ao deslize do último grão de areia, ressurge às avessas.

III- De ocultar: ressurjo
Duvido que duvido, logo, uma nova dúvida. De cada dúvida: um grão de areia. Dos grãos de areia: a praia. Das praias: cidades. Das cidades: o mundo. Este não espera por nossas dúvidas, e, ao passo que duvidamos, simplesmente acontece. Se a vida fosse solução, de que valeriam as dúvidas? E se não houvesse dúvidas, de que valeria o pensamento? E se não houvesse pensamento, de que valeria a existência? Como criança, descubro meu rosto entre traços de fractais.

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