sábado, 17 de julho de 2010

Era uma noite fria e silenciosa. Lá fora só se ouvia a melodia que o vento entoava, tendo como back vocal as folhas a se arrastarem pela rua. As sombras eram absolutas. Mas, havia uma luz que resistia bem ao final da rua. Uma luz bem fraquinha que se estendia da janela do quarto de uma menininha. Uma mãozinha curiosa puxava a cortina para o lado, com o objetivo de espiar a escuridão e a solidão que predominava lá fora. O que ela estava pensando? Era tarde, já tinha passado da hora de menininhas como ela estarem dormindo. Por que aquela garotinha insistia em continuar acordada? Observando o que afinal? Não sei, e talvez a menininha também não saiba. Aos poucos toda a cortina tinha sido retirada do seu lugar, a menininha agora tinha uma visão mais ampla da rua. Uma chuva fina começou a cair. Suaves pingos de chuva agora escorriam pelo vidro da única janela que refletia uma luz naquela escuridão toda. A garotinha tocava e acompanhava o caminho que as gotículas faziam até se desmancharem ao final da janela. Fiquei a observa-la. A menininha fechou os olhos e ficou imóvel por um tempo. Finalmente ela tinha se entregado ao sono, pensei. Estava errada. Um lindo sorriso brotou do seu rosto junto com um longo e delicioso suspiro. Nesse momento, a rua escura e solitária estava tomada pelo cheiro de terra molhada. Ô cheirinho bom, pensei junto com a menininha. Ela voltou a abrir os olhos e observar. Um olhar curioso e sonolento. Mas havia algo mais. Havia um tom sonhador naquele olhar. Talvez fosse só isso. Um sonho. Será que a menininha achava que ela estava sonhando? Bom, se estava, ainda estava sonhando acordada. Pedindo sabe-se lá o que àquela noite. No vidro, agora um pouco embaçado, a menininha escreveu algumas palavras... Lutei para conseguir lê-las. Tentativa frustrada. Parecia-me que ela escrevia o começo de alguma de suas histórias preferidas ou a sua própria história, talvez o clássico 'Era uma vez'. Ficou mais um bom tempo ali, olhando da janela do seu quarto a rua aqui fora. Pensando, sonhando, ou simplesmente olhando. Seus olhos lutavam para permanecem abertos, mas essa luta não durou muito tempo. Finalmente, a menininha desistiu e se conformou que era hora de ir pra cama. Trouxe as cortinas para seus lugares novamente. Pelas sombras eu vi passo a passo o modo como ela se preparava para dormir. Deitou-se, e bem devagar apagou a única luz que marcava presença naquela escuridão. Por uma pequena fresta da cortina, eu juro que a vi olhar novamente para a rua e sorrir pela última vez naquela noite.

Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Ah e o mundo é perfeito
Hum e o mundo é perfeito

Ouvindo: Sonho de Uma Flauta, O Teatro Mágico ♫


Jamile Mercês

7 comentários:

Gabriela S. * disse...

confesso faz tempo que nao passo no seu blog,e me arrependo rs 1
Está cada dia mais lindo,e melhor ! Meus parabéns e voltarei SEMPRE que postar algo novo.enquanto a postagem,me encantei de verdade.Continue assim BEIJOS E SUCESSO !

M. disse...

Que lindo Ja. Adorei o texto. Parabéns. bjs flor

Rebeca Amaral disse...

Que texto lindo, intenso. Acredita que eu acabei de ouvir essa música.... sou louca por TM!
Amei o post!
beijão!

2391371032 disse...

Eu amo o cheiro que a chuva deixa. A paz que o céu branco me trás.
E o clássico 'Era ALGUMA Vez'... ajsdhjadhjasdhsajdhsjdhsjadh '
O texto ficou tão intenso, a menina, tudo.
Sonhar, é verdade. Cabe só a gente tornar verdade. Mas só sonhos, não pesadelos.

Anônimo disse...

Uma coisa que amo é deitar e ficar olhando para fora. Para a janela pensando e pensando. É tão bom *-*

Beijos

Anônimo disse...

as vezes é bom parar pra refletir !
e pensar em tudo que se passa com nós e quem esta a nosso redor !
beeeijos

disse...

Fiquei curiosa sobre o que ela escreveu na janela!