segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Na minha rua há um menininho doente.


Na minha rua há um menininho doente
Enquanto os outros partem para a escola,

Junto à janela, sonhadoramente,

Ele ouve o sapateiro bater sola.


Ouve também o carpinteiro, em frente.

Que uma canção napolitana engrola

E pouco a pouco, gradativamente,
O sofrimento que ele tem se evola...


Mas nesta rua há um operário triste:

Não canta nada na manhã sonora

E o menino nem sonha que ele existe.


Ele trabalha silenciosamente
E está compondo este soneto agora,
Pra alminha boa do menino doente.

(Mário Quintana)

Nenhum comentário: