sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Ônibus lotado

Hoje eu andei de ônibus. O menino subiu, empurrando sua avó em uma cadeira de rodas. Observei como se comportava: contente, sorridente, radiante. Aquele momento parecia ser único em sua vida, um daqueles momentos de felicidade plena em que não queremos perder nem mesmo um segundo. A minha penosa e chata de viagem de ônibus para ele era algo próximo de um sonho bom. Pela reflexão do vidro, eu reparei seus trajes gastos pelo tempo, seu cabelo despenteado, seu rosto sujo. Não era pobre. Era feliz. Refletia a esperança de que tudo ia dar certo no fim da linha, a certeza de um destino bom. Olhei no vidro do ônibus e vi meu próprio reflexo. Senti pena. Por ter mudado e crescido. Por ter me acanhado diante de certas dificuldades, por ter criado uma casca dura de arrogância em minha volta. Aquela minha blusa cara, minha calça de marca, meu relógio importado, de nada me serviam naquele instante. Eu me senti pobre e miserável... Quisera eu poder sentir toda aquela alegria e confiança no destino novamente. De que vale, então, essa vida? Senão para vivermos intensamente tudo. Cada momento feliz, cada momento triste, cada viagem de ônibus. Entregando nosso destino a Deus sem tentar antecipar ou mudar as coisas. O menino desceu, sem ter a menor idéia dessas coisas que eu estava pensando. Um dia ele há de entender. Hoje eu andei de ônibus e confesso que chorei...

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